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Bebês na Web!?

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BEBÊS NA WEB!?

Filhos são sempre únicos; quem tem, sabe. E nem mesmo quem muito sonhou tê-los, poderia supor que os amaria tanto… Sem contar que, além do mais, seus filhos são, de longe, os mais lindos e muito inteligentes!

Também são os mais criativos e bem-dotados! E se eu lhes disser que a maioria dos pais é assim – e não é de hoje? Afinal, a famosa fábula de Esopo, aquela da coruja e do gavião, foi escrita há séculos!

E ótimo que seja assim: coitado de quem não tem pais amorosos! Esse amor desmesurado é o primeiro espelho de cristal em que se mira o ser humano – e esse coloca a autoestima lá em cima!

Então, viva a corujice… Uma coisa, porém, me preocupa: a web. Cada dia mais disponível e já fazendo parte da vida das novas gerações, ser vista (e aprovada, claro!) por seus pares (= amigos nas redes) vem se tornando quase sinônimo de existir verdadeiramente.

Tal fenômeno tem levado pais e mães a não se contentarem em somente exaltar as qualidades dos filhotes por telefone, ou quando encontram amigos.

O deslumbramento é tal que vem se tornando comum encontrar, e cada vez mais cedo, quem exponha seus pimpolhos aos olhos do mundo. Fotografar seus bebês – cuidadosamente
preparados em roupinhas super produzidas – para postar em redes e plataformas vêm virando febre.

Sei, são lindos! Mas será que é tão sem contraindicações transformar os filhos, desde cedo, em minimodelos?

O amor obscurece a cautela. Por isso mesmo, vale lembrar a esses “papais chefes de torcida” que, assim como seus amigos irão se desmanchar com as lindas fotos que você posta, pessoas desequilibradas que zapeiam por aí – e não são poucas -, também poderão se apaixonar por elas. Só que não cheias de amor – e sim cheias de más intenções. Na web, com anonimato quase total, quem está do outro lado do monitor pode ser qualquer um.

Sádicos, pedófilos, ladrões. O surpreendente é que esses pais, apaixonados corujas, não lembram que sociopatas podem se aproveitar de informações indiretas que a web permite, perceptíveis em detalhes mínimos que nos passam despercebidos, mas que podem formar o mosaico esperado por quem está focado no mal: nível de vida, local da residência, rotinas etc.

Esse hábito em geral continua, mesmo quando as crianças já têm quatro, cinco anos, e os próprios modelos-mirins já desenvolveram o gosto pela atividade narcísica – que querem repetir e repetir. Seria muito prudente, dados os fatos que vimos acompanhando nos noticiários, manter essas criaturinhas inocentes, em função de seu bem-estar físico e mental, o mais longe possível de monitores.

E também seria mais saudável deixá-las fora do circuito-web pelo maior tempo possível, incentivando brincadeiras de pega-pega, boneca, casinha, jogar bola, em vez de estimuladas precocemente a escolher roupas e a fazer caras e bocas frente a uma câmera.

É essencial analisar – e de preferência antes de ter filhos-, quais as tarefas realmente importantes que a maternidade lhes trará. A resposta não será, com certeza, estimular vaidade precoce, nem consumismo… Jovens pais sem foco em prioridades essenciais, podem bem se deixar envolver pelo que a sociedade plugada e exibida de hoje lhes passa perdendo de vista a ideia de que não expor suas crianças precocemente já é alta proteção. Essa última sim, tarefa primária de bons pais.