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Notícias sobre Cordeirópolis no jornal “Correio Paulistano” entre 1943 e 1963

Notícias sobre Cordeirópolis no jornal “Correio Paulistano” entre 1943 e 1963

Há alguns anos, recuperando as informações sobre Cordeiro ou Cordeirópolis nos jornais mais antigos do Estado de São Paulo, que estão digitalizados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional e no site Acervo Estadão. O site da “Folha de São Paulo” foi consultado, mas não tem o mínimo de informações relevantes sobre o distrito e a cidade que seja suficiente para um destaque.

Não se sabe por qual motivo, pensamos que as edições do jornal “Correio Paulistano” tivessem se encerrado em 1942, quando, na verdade, o jornal fechou em 1963, ou seja, mais de vinte anos depois da data considerada, há sessenta anos.

Assim, vamos registrar neste texto, lembrando do aniversário de 124 anos de criação do Distrito de Paz de Cordeiro, conforme a Lei Estadual nº 645, de 7 de agosto de 1899, as notícias e dados relevantes encontrados no acervo do vetusto jornal, fundado em 1854 e que perdurou por quase 110 anos, mais do que a atual “Folha de São Paulo” e menos que o atual “O Estado de São Paulo”.

A única notícia do ano de 1943 foi estampada na edição de 6 de janeiro, onde foi destacado sob o título “O Fomento da Sericicultura” a “ampliação da repartição técnica da Secretaria da Agricultura, destinada a orientar e dar assistência aos produtores”.

De acordo com a reportagem, o país, durante a II Guerra Mundial, poderia “tornar-se fornecedor dos Estados Unidos, que tem grande necessidade de seda, considerada produto estratégico de primeira ordem” pois era usada, naquele momento, “obrigatoriamente na fabricação de paraquedas e dos sacos de pólvora dos canhões de grosso calibre” e chegava a oportunidade de atender as necessidades de consumo interno e para exportação.

A justificativa para a desapropriação das áreas da Indústria de Seda Nacional em Cordeiro, Cordeirópolis e Piracicaba se devia ao fato de que “as instalações do Serviço de Sericicultura, com sede em Campinas (…), já se revelaram insuficientes para atender a certos serviços de sua atribuição, notadamente a distribuição de mudas de amoreira e ovos de bicho da seda”. Um ponto importantíssimo que não foi notado anteriormente.


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O Decreto-Lei nº 13.170, de 31 de dezembro de 1942, mas só publicado em 5 de janeiro de 1943, terça-feira, autorizava a compra de terrenos, benfeitorias, instalações e utensílios diversos pertencentes à S.A. Indústrias de Seda Nacional. No caso de Cordeirópolis, referem-se a toda a área do futuro loteamento municipal Vila Nova Brasília, criado pela Prefeitura após recebimento em doação pelo Governo do Estado.

Os anos de 1943 a 1947 passam sem nenhum registro, por parte de correspondentes ou sucursais do jornal, de fatos ocorridos em Cordeirópolis. NO ano de 1948, três edições destacam aspectos do distrito que estava se emancipando: em 9 de maio, a manchete destacava que “quase cem distritos paulistas querem ser municípios”, informando-se detalhadamente os passos para este processo.

De início, cabe ressaltar que o presidente e o vice-presidente da Comissão de Estatística eram os deputados Antonio Silvio da Cunha Bueno e Castro Carvalho. Curiosamente, só o segundo foi homenageado pelo seu trabalho em favor da criação do Município, ficando o primeiro esquecido e apagado da memória política local.

O segundo foi homenageado, ainda em vida, com a denominação de uma rua, que continuava a ser conhecida pelo seu nome original – Rua Nova da Paz, inclusive no próprio calçamento de pedrinhas portuguesas do seu trajeto. Somente em 1972 o nome foi estabelecido como Guilherme Krauter, e o nome deste deputado transferido para uma rua no Jardim Bela Vista.

Para pleitear a emancipação, o distrito teria que ter população mínima de 4 mil habitantes, arrecadação de Cr$ 60 mil, se ficar a 25 km de distância da sede, ou de Cr$ 100 mil, se for a menos, desde que ligada por ferrovia ou rodovia.


Confirmou que a população do distrito que se pretendia emancipar seria consultada em plebiscito, a partir de representação que fosse assinada por no mínimo 10% dos moradores, comprovando o cumprimento dos requisitos exigidos pela legislação. Nele votariam todos os que morassem há mais de dois anos no local, maiores de 18 anos, inclusive os analfabetos, pois as cédulas seriam brancas para “sim” e preta para “não”.

Foi publicada uma relação dos quase cem territórios que pleiteavam a emancipação, onde Cordeirópolis contava com 5.437 habitantes, Corumbataí com 5.183, Iracemápolis, com 6.147 e Santa Gertrudes, com 5.090, para falar só na nossa região.

O jornal só volta a citar Cordeirópolis em 10 de outubro, com o conhecido resultado do plebiscito – 893 sim e 78 não e depois em 7 de dezembro, quando se publica a relação de cidades a serem emancipadas de acordo com o relatório da Comissão de Estatística. A Lei Estadual nº 233 foi promulgada em 24 de dezembro e publicada em 28 do mesmo mês, entrando em vigor dia 1º de janeiro de 1949.

Em 1949, o “Correio Paulistano” mostra, na edição de 25 de janeiro, um precioso mapa do Estado de São Paulo com as divisas de todos os Municípios, inclusive os recém criados. De fato, como falava um dos detratores do movimento de emancipação, o território de Cordeirópolis seria tão pequeno a ponto de ser “invisível a olho nu” e ele parece realmente muito pequeno no mapa.

A criação do Município era uma forma de forçar a criação de infraestrutura necessária à população, principalmente em áreas como a segurança pública e a saúde. A edição de 27 de novembro de 1949 destaca a aprovação da criação da Delegacia de Polícia, que iria substituir a Subdelegacia ou Distrito Policial, existente desde 1890, e o Posto de Assistência Médico-Sanitária, conforme edição de 2 de dezembro.

A reportagem mostra a situação do local, que mudou muito pouco nos últimos 75 anos: “Não queremos dizer que, uma vez instalado um centro de saúde em cada um dos quase quatrocentos municípios paulistas, esteja resolvido o problema da assistência médica aos interioranos pobres. Não. Os hospitais existem em número reduzidíssimo e onde não há hospitais não se pode falar em assistência à saúde popular.” Passado este tempo, em Cordeirópolis não há internações, não se fazem cirurgias e nem nascem crianças na maternidade.

Por outro lado, se estava ampliando os gastos públicos com estas estruturas, também estava se prevendo o aumento da receita. A cidade já contava com uma Coletoria Federal há muito tempo, mas parece que uma Coletoria Estadual ainda não existia e ela foi criada pelo Governador através de um projeto de lei aprovado no final de agosto. A realidade era diferente: a edição de 28 de setembro incluía Cordeirópolis informava que a estiagem estava “dificultando grandemente” o fornecimento de energia elétrica em Rio Claro e nas cidades atendidas pela S.A. Central Elétrica de Rio Claro, que era dado para as indústrias em dois períodos e com a iluminação pública racionada, funcionando até às 24 horas.

O destaque da edição de 12 de março de 1949, quando faltava um dia para a eleição para o primeiro prefeito de Cordeirópolis, é a transcrição do discurso do deputado Décio Queiroz Telles, do então Partido Republicano (PR), reclamando do esvaziamento do partido por ação do então Governador do Estado, Adhemar de Barros, que era do Partido Social Progressista (PSP).

Nele, cita-se claramente que “ainda agora que um membro do diretório republicano de Limeira será candidato a prefeito pela legenda do Partido Social Progressista do novo município de Cordeirópolis”, no caso, o Dr. Huberto Levy, proprietário da Fazenda Ibicaba, derrotado por Aristeu Marcicano com 590 votos contra 415. Talvez esta situação tenha contribuído para sua derrota, tanto que nunca mais foi candidato nas eleições seguintes, passando a função para seu filho, o Dr. Cássio de Freitas Levy.

No ano de 1950, destacam-se quatro reportagens: em janeiro de 1950, destaca-se a legislação sancionada que permitiria a instalação de Postos de Assistência Médico-Sanitária nos novos municípios, dentre eles Cordeirópolis, Corumbataí e Santa Gertrudes, na nossa região. A edição de 5 de fevereiro conta que “a fé curou um paralítico residente em Rio Claro”: Pedro Zadra, ferroviário da CPEF, sofreu um acidente de trabalho em 1936 quando levantava um dormente, sendo readaptado como guarda-porteira.

Continuando com dores na espinha, teve suas pernas paralisadas sem que nenhum tratamento fizesse efeito. Sabendo da fama, por um vizinho, do vigário de Cascalho, padre Luiz Stefanello, foi transportado de caminhão até a igreja, carregado por seu filho. Abordado pelo sacerdote porque não podia ajoelhar, Badra explicou sua situação e após ouvir a frase: “Você vai se levantar e sair andando da igreja”, sentiu uma dormência na perna, levantou-se e caminhou, regressando a Rio Claro descendo sozinho do caminhão.

Em maio deste ano, anuncia-se a criação e instalação de um curso de corte e costura na Rua Visconde do Rio Branco, nº 415 para as operárias das indústrias de Cordeirópolis, organizado pelo industrial Guilherme Krauter, presentes na solenidade o então prefeito Bento Avelino Lordello e os vereadores Jamil Abrahão Saad e Angelo Pagotto; o vigário da paróquia, Padre Santo Armelin e o então Presidente da Câmara, Antonio Cerqueira Pinto Filho, além dos vereadores Angelo Mazutti e prof. Jorge Fernandes, também diretor do Grupo Escolar Coronel José Levy.

Outra nota do período é de 30 de agosto, quando se registra o “êxito integral” da Prova Ciclística Fernando Sartori, promovida pelo SESI de Rio Claro. Dos 57 participantes, terminaram a corrida 34, sendo campeão Anésio Argenton, de Araraquara, ficando os competidores de Cordeirópolis, Antonio Carron, em 18º lugar e Geraldo Carron, na 29ª posição.
No ano de 1951, somente duas notícias: uma de 4 de maio, que comunica a intenção do Governo do Estado, que estava tomando posse, de vender os terrenos das antigas Estação Experimental de Sericicultura de Cordeirópolis e de Cosmópolis, que como vimos, foram adquiridas menos de dez anos antes e outra de 21 de agosto, com resultado da prova ciclística “Rio Branco F.C.”, com 8 participantes de Cordeirópolis, dentre eles o vencedor, Isidoro Marques, ficando Antonio Carron em 2º lugar, Pedro Carron em 3º, Geraldo Carron em 7º e Lourenço Batistella, em 8º, dentre 25 competidores.

Em 1952, destaca-se a propaganda da indústria de bebidas Dabronzo, de Rio Claro, que informava distribuir seu produto também em Cordeirópolis, na edição de 12 de janeiro; no dia 17 deste mês, informa-se que o Chefe da Casa Civil do Governo do Estado teria recebido, dentre outros, o então Prefeito de Cordeirópolis, Aristeu Marcicano e o vereador Moacyr Dias, provavelmente para tratar do processo da venda da estação experimental de sericicultura, visando reverter o processo e destiná-la para a Prefeitura, para loteamento atendendo as necessidades dos moradores e também para reforço dos cofres públicos.

Duas reportagens interessantes mostram, em 11 de outubro, a fixação do número de vereadores para a segunda legislatura de Cordeirópolis, reduzindo de treze para onze, também em Santa Gertrudes, e para nove, em Corumbataí. Também foi criado o cargo de Vice-Prefeito. Outra reportagem de destaque é a da edição de 16 de outubro, sobre o atropelamento, por um caminhoneiro de Cordeirópolis, de uma criança de nove anos, na Avenida Bandeirantes, em Santos
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Em 9 de dezembro, reportagem mostra o comparecimento às urnas na eleição das autoridades dos municípios criados em 1948: em Cordeirópolis, estavam inscritos 1.665 eleitores e compareceram 1.400. Em Santa Gertrudes, dos 744, votaram 382.

Em 1953, são três reportagens: uma, registrando talvez a primeira participação da cidade nos Jogos Abertos do Interior, ao contrário de 70 anos depois, quando sequer participou dos Jogos Regionais. Não se sabe se a equipe conseguiu alguma pontuação ou medalha.

Em 24 de outubro é registrada a formatura do curso de Corte e Costura, realizada no Cine Paulista, o único local onde um evento deste porte poderia ser realizado na cidade. Concluíram o curso 32 alunas, que tiveram como paraninfo o industrial Jamil Abrahão Saad e onde estiveram presentes os vereadores Durval Alves, Angelo Pagotto, Braz Della Coletta, Mario Zaia e o suplente Alcides Hespanhol. Depois do evento, houve baile no Cordeiro Clube.

Em 1954, as reportagens destacam: em 11 de fevereiro, a organização do Partido Democrata Cristão por André Franco Montoro, que foi Governador do Estado entre 1983 e 1987, onde se conta que tinha sido realizada em Limeira e Cordeirópolis, dentre outras cidades do Estado, as Jornadas Regionais da Democracia Cristã, onde se pregava a “descentralização administrativa e a desconcentração econômica”, sendo contra a “reação” e a “revolução”.

Em 21 de agosto, o jornal entra na campanha dos candidatos Prestes Maia e Cunha Bueno, dizendo que em Cordeirópolis, conforme Mario Zaia, então vereador e presidente do PTB local, a vitória da chapa seria das mais expressivas, pois estaria havendo na cidade “entusiasmo e otimismo” na cidade e na zona rural, já que Jânio Quadros teria feito um rápido discurso, ouvido com desinteresse pelo pequeno público e Adhemar de Barros não teria comparecido nem anunciado sua visita.

De fato, Prestes Maia venceu na cidade com 744 votos, contra 445 para Ademar e 297 para Jânio Quadros e seu candidato a vice, Cunha Bueno, teve 746, contra Erlindo Salzano, com 446 e Porfírio da Paz, com 297, conforme reportagem de 16 de outubro daquele ano. Para senadores, foram mais votados Hugo Borghi, com 720 e Mario Calazans, com 704, mas que ficaram em 3º e 4º lugar na eleição. Para Governador e Vice, foram eleitos os menos votados em Cordeirópolis: Jânio Quadros e Porfírio da Paz.

Em 1955, somente uma notícia política de pouca importância tem citação de Cordeirópolis. No ano seguinte, mais informações aparecem: em 10 de janeiro de 1956, dentro de um release sobre as obras públicas na área educacional a serem concluídas durante o ano, constam obras no Grupo Escolar de Cordeirópolis, estranhamente sem a denominação oficial – Coronel José Levy.

Pesquisando a legislação municipal, encontramos a Lei nº 98, de 12 de junho de 1954, que autorizava a Prefeitura a empreitar com o Governo do Estado de São Paulo a execução das obras de construção e reforma projetadas para o Grupo Escolar “Cel. José Levy”, podendo sub-empreitar as obras e dispender recursos definidos para despesas de Expediente.

Segundo a mensagem do então Prefeito Dr. Cássio de Freitas Levy, o projeto que deu origem à lei visava “a execução de obras de construção e reforma que a Secretaria de Viação e Obras Públicas” teria projetado para o prédio.
A edição de 29 de fevereiro de 1956 destacava o decreto assinado pelo então governador Jãnio Quadros, que determinava que as cidades onde os Postos de Assistência Médico Sanitários (PAMS) não tivessem médicos, estes seriam supridos pelos profissionais dos Postos de Puericultura, ficando três horas em um estabelecimento de saúde e outras três no outro, dentro da sua jornada regulamentar de seis horas. No caso de Cordeirópolis, seria o contrário: como não havia médico no Posto de Puericultura local, o responsável pelo PAMS atenderia os dois locais dentro de sua jornada. A precariedade da Saúde na cidade é um problema crônico e insolúvel há pelo menos 137 anos.

Em 28 de março, dentro do espaço de notícias de Rio Claro, uma nota intitulada “Pontilhão de Cordeirópolis” falava que “causou geral satisfação a notícia trazida pelo” então prefeito de Rio Claro, Augusto Schmidt Filho, sobre providências urgentes para término do “pontilhão de Cordeirópolis” sobre a Via Anhanguera. Pessoalmente não tenho conhecimento de qual fosse, mas certamente fazia conexão com a Estrada Cascalho-Rio Claro, que nesta época ainda era de terra e que depois foi pavimentada, sendo denominada após muitos anos de “Rodovia Constante Peruchi”.

Em 6 de julho de 1956 aparece pela primeira vez, em uma publicação institucional do Banco Artur Scatena (uma das primeiras agências bancárias de Cordeirópolis) comprovando a existência de uma agência desta instituição na cidade. A inauguração deste estabelecimento bancário foi registrada pelo ex-padre Mario Zocchio Pasotto em seu livro sobre a Paróquia de Santo Antonio.

Em 2 de setembro a edição mostra, com o título “Assistência Estadual aos Municipios” o despacho do Governador do Estado sobre Cordeirópolis, onde indicou – Agricultura: admitir os agrônomos pelo Fundo” à vista da solicitação da criação de uma Casa da Agricultura. Na verdade, o processo durou de 1957 a 1962, desde que o local fosse criado por decreto até sua construção e funcionamento.
Veja nosso artigo “Casa da Agricultura de Cordeirópolis: da criação à instalação (1957-1962), em https://cordeiropolis.corderovirtual.com.br/colunas/662/revivendo-historia/casa-da-agricultura-de-cordeiropolis-da-criacao-a-instalacao-1957-1962.

Por fim, em 13 de novembro o jornal destacava que as obras da ponte sobre o leito da Estrada de Ferro Paulista estavam concluídas estando naquele momento sendo feitos os muros de arrimo, com previsão de término no final daquele ano.

Em 1957 se realizariam eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e vereadores. Conforme mostra o artigo que fizemos especificamente, a criação da Casa da Agricultura se deu através de decreto estadual datado de 26 de fevereiro, aproximadamente quinze dias antes da eleição, marcada para 10 de março, onde saiu vencedor para prefeito o industrial Jamil Abrahão Saad, tomando posse no dia 27.

Na edição de 7 de março, consta o registro de um telegrama, enviado pelo Prefeito em exercício, Prof. Bento Avelino Lordello, ao Governador do Estado, elogiando a criação desta estrutura. No dia 12, a edição do Correio Paulistano mostrava o número de eleitores que compareceram às urnas – 2.199 em relação a um eleitorado de 2.732 – uma abstenção de 22%. No dia 8 de abril, os prefeitos eleitos estiveram em audiência no Palácio dos Campos Elíseos com o então governador Jânio Quadros.

Em 30 de outubro, foi assinado o contrato de empréstimo do Governo do Estado com as prefeituras de 29 municípios, dentre eles Cordeirópolis, para criação de um Serviço de Água e Esgoto. A autorização tinha sido dada pela Lei nº 167, de 18 de outubro, que autorizava a Prefeitura a contrair com a Caixa Econômica do Estado de São Paulo (CEESP) empréstimo destinado ao financiamento das obras do serviço de abastecimento de água da sede do Município de Cordeirópolis.

A edição de 8 de novembro informava que a epidemia de “gripe asiática” estava declinando em Cordeirópolis e outras cidades. Segundo a Wikipedia, a pandemia de gripe de 1957 a 1958, também conhecida como gripe asiática, foi uma pandemia global do vírus da gripe A, subtipo H2N2, que se originou em Guizhou, China e matou pelo menos um milhão de pessoas em todo o mundo, com uma taxa de mortalidade de 0,67% e que seguramente foi melhor combatida do que a recente pandemia do coronavírus.

Em 1958 o primeiro destaque é na edição de 10 de junho, alguns dias antes da principal data comemorativa da cidade – o feriado municipal de Santo Antonio. Em uma excelente reportagem, o jornal mostrava a quantidade de depósitos nas agências bancárias do Estado de São Paulo, com destaque para as cidades de São Paulo, Santos, Campinas, Ribeirão Preto, Santo André, São José do Rio Preto, Bauru, Marília, São Caetano do Sul, Catanduva e Piracicaba com as cidades com maior quantidade de depósitos a vista e a curto prazo.

Com relação aos outros municípios, são mostrados em ordem alfabética as cidades, número de agências bancárias existentes e os depósitos à vista e a prazo. Na região, naquele momento, Cordeirópolis tinha uma agência bancária, dez anos após sua emancipação, não havendo nenhuma em Santa Gertrudes nem em Iracemápolis, cidades de porte semelhante agrupadas atualmente na 243ª Zona Eleitoral.

O período entre 1957 e 1960 foi marcado pelo crescimento de Cordeirópolis, com investimentos visando superar as grandes deficiências em sua infraestrutura. A reportagem de 19 de julho, intitulada “Empréstimos concedidos a Municípios do Interior” destacava, dentre outros, o empréstimo, concedido pela Caixa Econômica do Estado, para a Prefeitura de Cordeirópolis, para a extensão da rede de água e esgoto no loteamento de casas próprias para operários – o Loteamento da Prefeitura Municipal, chamado posteriormente de Vila Nova Brasília.

Na semana seguinte, na reportagem com as notícias do Governo do Estado, mais uma vez Cordeirópolis aparece, como beneficiária de um empréstimo, desta vez para pavimentação e obras complementares e extensão de serviços de água e esgoto. Foi um período histórico para a cidade, onde além do crescimento causado pela criação da Vila Nova Brasília, a cidade pôde, dez anos após sua emancipação e mais de 70 anos após sua fundação, ter o Centro pavimentado, com guias e sarjetas, substituindo a situação que gerava transtornos há anos.

O fato mais significativo do período foi a transferência do calçamento que havia na Rua Toledo Barros para a Avenida Cascalho (futuramente chamada de Avenida Vereador Vilson Diório), ficando todo o trecho restante da estrada estadual Cascalho-Rio Claro (depois chamada de Rodovia Constante Peruchi) em terra, pavimentada somente no final da década de 1970. Ironicamente, o trecho com paralelepípedos só seria asfaltado no início da década de 1990.

Um anúncio bastante significativo está na edição de 6 de agosto de 1958, quando a “Auto Viação Pirassununga”, que naquele momento tinha 25 anos de atuação, informava que servia a diversas cidades, dentre elas Rio Claro, Santa Gertrudes, Cordeirópolis e Araras, com seus pontos extremos em Tambaú e Campinas. Provavelmente, se trata de uma antecessora da atual Viação Santa Cruz, que faz praticamente a mesma ligação até hoje.

A edição de 23 de agosto de 1958 mostra reportagem onde se destaca a “doação de áreas para instalação de fábricas” em Cordeirópolis, onde seria concedida isenção de impostos por até 20 anos, que teriam aproximadamente 5.000 m2, com água, esgoto e iluminação pública. Registrou também que, na frente da praça principal e jardim público estava disponível um terreno doado para a construção de um cinema, o que, obviamente não se concretizou.

As vantagens da cidade seriam a disponibilidade de mão de obra, a pequena distância para Limeira, Rio Claro e Araras, a situação de entroncamento ferroviário e estar situada em uma zona agrícola. Parece que há 65 anos falam o mesmo, mas até agora não conseguiram convencer muitas pessoas disso… Já uma pequena nota no dia 27 registra a comunicação do Presidente da Câmara Municipal em exercício, Moacyr Dias, sobre a concessão de título de Cidadão Honorário ao Governador do Estado. Naquele momento, o Presidente eleito em 1957 estava preso, acusado de estelionato, e a Câmara era chefiada pelo Vice-Presidente.

Em 3 de outubro daquele ano foi realizada a eleição para governador e deputados estaduais, saindo vencedor o candidato do PDC, Carvalho Pinto, apoiado por mais quatro partidos, vencendo Adhemar de Barros, do PSP apoiado pelo PTB, ficando Auro de Moura Andrade, do PST, com a terceira colocação, com pouco mais de 6% dos votos.
Em 3 de setembro, Moura Andrade visitaria a região, Cordeirópolis inclusive, onde seu partido não contava com nenhum membro na Câmara ou Prefeitura. Salvo engano, nenhum dos dois candidatos mais votados compareceu à cidade na campanha eleitoral. Dois dias depois, o jornal destaca a concessão de empréstimos a 24 cidades pelo Governo do Estado, no caso de Cordeirópolis destinado a abastecimento de água e pavimentação. Neste momento, não temos dados sobre o resultado das eleições na cidade.

No dia 25, anuncia-se a inauguração da Usina Hidrelétrica do Limoeiro, que iria reforçar o fornecimento de energia elétrica para a região, sob a responsabilidade da Companhia Hidrelétrica do Rio Pardo (CHERP), uma sociedade de economia mista, atendendo cidades dos Estados de Minas Gerais e São Paulo. O problema crônico da falta de energia só seria equacionado com a criação da CESP (Centrais Elétricas de São Paulo), em 1966. Em 6 de novembro, o colunista Urbano Cordeiro destacou Cordeirópolis com o seguinte trecho:

“Trata-se de Cordeirópolis, a antiga povoação conhecida como Cordeiro, que durante mais de 50 anos, permaneceu como distrito, tendo sido elevado a município em 1949. Inteligentemente administrada por um prefeito dedicado aos seus problemas, Cordeirópolis está iniciando a pavimentação de suas ruas. Tendo adquirido (…) empréstimo (…) o prefeito Jamil Abrahão Saad está pavimentando a sua comuna, devendo ser realizado seu plano que é de trinta mil metros quadrados.”

Em 8 de novembro, uma publicação institucional do Banco do Commercio e Industria de São Paulo S/A, conhecido como Comind, informava a localização de suas agências urbanas na Capital, seus Departamentos e as agências do correspondente Banco Cearense do Comércio e Indústria S/A.

No rodapé, o banco informava que o Banco Artur Scatena S/A, com matriz em Batatais e sucursal em São Paulo, tinha doze agências urbanas na Capital e departamentos em diversas cidades do Estado, dentre elas Cordeirópolis. Aí está o marco temporal que explica o momento da mudança do antigo Banco Artur Scatena para o Comind, cuja agência funcionou na Praça Comendador Jamil Abrahão Saad até 1985, quando o banco foi liquidado pelo Governo Federal.
Em 20 de novembro, uma nota d´O Correio no Interior destaca, em reportagem de Ignacio Zeni, o movimento de vinte e seis municípios, dentre eles Cordeirópolis, e duas entidades de classe, que sugeriam ao então Governador do Estado a nomeação de Herminio Ometto para Secretário Estadual da Agricultura.

Assinaram o documento os prefeitos de Araras, Porto Ferreira, Conchal, Santa Gertrudes, Rio Claro, Charqueada, São Pedro, Águas de São Pedro, Santa Bárbara d´Oeste, Americana, Iracemápolis, Cordeirópolis, Leme, Itapira, Santa Cruz da Conceição, Limeira, São Carlos, Araraquara, Itirapina, Brotas, Corumbataí, Analândia e Santa Cruz das Palmeiras, bem como o deputado eleito de Limeira José Adriano Lopes Castelo Branco, a cooperativa dos usineiros de Piracicaba e o Sindicato dos Usineiros. Não se sabe o resultado do pedido, mas provavelmente ele não foi aceito.

Em 1959, são destaque o movimento dos ferroviários realizado em Cordeirópolis e outras cidades, que redundou na estatização da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF) pelo Governo do Estado, a inauguração da agência do Banco Central dos Municípios em junho, uma indicação na Assembleia Legislativa para pavimentação da estrada Limeira-Cordeirópolis (o que só ocorreria no início da década de 1980) e os festejos que iriam ocorrer no dia 24 de dezembro, com a inauguração de 226 pontos de iluminação pública de “aparelhos fosforescentes”. Também foi dito que o jornal publicaria uma reportagem com fotografias e dados sobre a cidade, mas parece que ela não foi escaneada na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional.

O destaque deste ano é a inauguração, no final do mês de maio, do Departamento do Banco Central dos Municípios S/A na cidade, em evento com a presença do prefeito Jamil, a bênção das instalações pelo padre Mario Pasotto, contando com a participação de João de Deus Cardoso de Mello, então Ministro (chamado atualmente de Conselheiro) do Tribunal de Contas do Estado.

Naquele momento, o Conselho Consultivo do banco era composto do prefeito Jamil, do Presidente da Câmara Moacyr Dias e de Alcides Martins, então coletor federal. O gerente era Sergio dos Santos Rodrigues, o Contador, Antonio Aparecido Cicolin, que foi posteriormente gerente do Banco Itaú e membro do Rotary Club local, de acordo com reportagens do “Jornal de Cordeirópolis” disponível na internet.

Em 1960, a cidade ficou em destaque durante três dias (7, 8 e 9 de setembro), em virtude dos tumultos gerados pela quebra da agência local do Banco Central dos Municípios, pouco mais de um ano após sua inauguração. O banco gerou problemas em outras cidades e isso gerou destaque na imprensa de São Paulo por bom tempo, gerando inclusive comentários da coluna “Tabloide”, assinada por Mauricio Loureiro Gama, no dia 11 daquele mês.

Segundo o site “Terceiro Tempo”, Gama nasceu em 1912 e faleceu em 2004. Foi o primeiro jornalista a fazer um comentário político na extinta TV Tupi, no dia da primeira transmissão televisiva brasileira, em 18 de setembro de 1950 e o primeiro apresentador do célebre programa “Pinga Fogo”. Trabalhou nas TVs Tupi, Bandeirantes e Record até 1985 e na Federação do Comércio, editando a revista “Problemas Brasileiros” até 2004.

Outro destaque do período são os resultados do Censo de 1960, publicados na edição de 22 de setembro, onde constava que Cordeirópolis tinha 2.772 habitantes na área urbana. Para mais informações, veja nosso texto sobre a evolução populacional de Cordeirópolis até 2010, onde se constatou a presença de uma população total de 7.637 habitantes, sendo quase 4 mil na zona rural. (https://cordeiropolis.corderovirtual.com.br/colunas/1026/revivendo-historia/o-crescimento-populacional-de-cordeiropolis-atraves-dos-tempos).

Neste ano a cidade conseguiu empréstimos para a superação de suas deficiências estruturais. A edição de 4 de junho que no próximo dia 10 seriam assinados diversos contratos com a Caixa Econômica do Estado, em especial para pavimentação da cidade. Realmente a cidade se transformou naquele período, em grande parte com a ajuda do Governo do Estado, através de empréstimos para obras de água, esgoto e pavimentação e a doação da área da Sericicultura para a criação do Loteamento da Prefeitura Municipal, depois chamada Vila Nova Brasília.


O mandato iniciado em 27 de março de 1957 iria terminar em 26 de março de 1961 e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), conforme edição de 4 de fevereiro de 1960, fixou as eleições municipais em Cordeirópolis para o dia 5 de março de 1961. As outras cidades da região de mesmo porte (Corumbataí e Santa Gertrudes) tiveram a data de suas eleições fixada para o dia 26.

Independente da crise política causada pela renúncia de Jânio Quadros á Presidência da República, em 25 de agosto de 1961, e da posse do Vice-Presidente João Goulart, em 7 de setembro, dentro do regime parlamentarista, que irá durar até 1963, o Governo do Estado se mantinha firme no seu trabalho.

De acordo com reportagem do dia 20 de setembro, seriam assinados contratos de construção, entre o IPESP (Instituto de Previdência do Estado de São Paulo) e diversas prefeituras, de grupos escolares, unidades sanitárias, Casas da Lavoura, unidade polivalente, Ginásio Estadual e Serviço de Tuberculose. No caso de Cordeirópolis, esta medida permitiu a construção da Casa da Agricultura, conforme mostramos no nosso texto que está no link acima.

As obras estavam dentro do PAGE (Plano de Ação do Governo do Estado), que, segundo texto da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da USP (Universidade de São Paulo), “foi instituído pelo Decreto nº 34.656, de 12/02/1959, cujo objetivo era promover o desenvolvimento do estado de São Paulo, sobretudo das regiões mais carentes de infraestrutura pública” e seus investimentos foram estruturados em três setores: melhoria das condições do homem, que incluía as áreas de educação, cultura e pesquisa, justiça e segurança, saúde pública e assistência social e sistemas de água e esgoto; energia, ferrovias, rodovias e pontes municipais; aeroportos, portos e navegação e expansão agrícola.

Segundo o texto, o PAGE proporcionou um grande investimento na construção de equipamentos públicos: fóruns, postos de saúde e principalmente escolas: primárias, secundárias, técnicas profissionais. Cordeirópolis foi privilegiado e teve um grande momento em sua história.

No ano de 1962, o único destaque é a inauguração da sede própria da Caixa Econômica do Estado de São Paulo, ao lado de onde funcionou o Banco Central dos Municípios, na Rua Carlos Gomes, em frente à Praça Comendador Jamil Abrahão Saad. A agência foi transferida no final da década de 1970 para o seu endereço atual, na Rua Visconde do Rio Branco. Posteriormente o banco foi incorporado pelo Banco do Brasil, que atualmente ocupa as históricas instalações. Em 1963, o último de circulação do “Correio Paulistano”, não há reportagens sobre a cidade.

Apresentamos este texto como forma de recuperar valiosas informações da imprensa paulistana sobre a cidade, lamentando que outros jornais, como o Diário Popular, ainda não estejam disponíveis para pesquisa, necessitando que seja feita presencialmente, o que, no momento não nos é possível.

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