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Literatura de Cabo Verde: Uma riqueza cultural e artística

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Literatura de Cabo Verde: Uma riqueza cultural e artística

Literatura de Cabo Verde: Uma riqueza cultural e artística

Cabo Verde é um arquipélago de dez ilhas no Oceano Atlântico, que foi colonizado por Portugal no século XV e tornou-se independente em 1975. A sua cultura é uma mistura de influências africanas e europeias, que se reflete na sua língua, música, gastronomia e, claro, na sua literatura.

A literatura de Cabo Verde é uma das mais importantes e produtivas da África lusófona, tendo sido reconhecida internacionalmente com prêmios como o Camões1, o maior galardão da língua portuguesa, atribuído a dois escritores cabo-verdianos: Germano Almeida, em 2018, e Arménio Vieira, em 2009.

Os primeiros poemas escritos em português e em crioulo, a língua materna da maioria dos cabo-verdianos, nasceu no século XIX. O crioulo é uma língua derivada do português, mas com influências de línguas africanas, principalmente do wolof e do mandinga. O crioulo tem várias variantes, conforme as ilhas, mas todas elas têm uma rica expressão poética, musical e oral.

Um dos primeiros poetas de Cabo Verde foi Eugénio Tavares2 (Jornalista, escritor e poeta) nascido na ilha da Brava em 1867. Ele escreveu poemas em português e em crioulo, sendo considerado o criador da morna, um gênero musical típico de Cabo Verde, que mistura elementos de lundum, modinha, fado e música africana. A morna é cantada em crioulo e fala de temas como o amor, a saudade, a ilha, o mar e a emigração. Um dos maiores expoentes da morna foi Cesária Évora, conhecida como a “diva dos pés descalços”, que levou a música de Cabo Verde para o mundo.

Outro poeta importante de Cabo Verde foi Sérgio Frusoni3, nascido na ilha de São Nicolau em 1901. Ele também escreveu em português e em crioulo, sendo um dos pioneiros da poesia humorística e satírica em Cabo Verde. Ele criticava os costumes, a política e a sociedade da sua época, com ironia e graça.

Um grande impulso na literatura foi na década de 1930, com o surgimento do movimento Claridade4, que reuniu um grupo de escritores e intelectuais que queriam afirmar a identidade e a cultura cabo-verdianas, através da valorização das suas raízes, da sua língua, da sua história e da sua realidade social. O movimento Claridade publicou uma revista com o mesmo nome, que foi o principal veículo de divulgação da literatura de Cabo Verde na época. Entre os principais nomes do movimento Claridade estão Jorge Barbosa, Baltasar Lopes, Manuel Lopes, António Aurélio Gonçalves e Gabriel Mariano.

A literatura de Cabo Verde também foi marcada pela luta pela independência, que se intensificou na década de 1960, com a fundação do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), liderado por Amílcar Cabral, que foi um dos maiores líderes revolucionários de África. Amílcar Cabral foi também um poeta, um ensaísta e um teórico da cultura e da libertação nacional. Ele foi assassinado em 1973, antes de ver a independência de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, que aconteceu em 1975.

Após a independência a literatura continuou a se desenvolver, com novos autores, novos temas e novas formas de expressão. Alguns dos escritores mais destacados da literatura de Cabo Verde contemporânea são:

Germano Almeida5, autor de romances como O Testamento do Senhor Napomuceno da Silva Araújo, A Ilha Fantástica e A Morte do Ouvidor, que retratam com humor e ironia a sociedade e a história de Cabo Verde.

Arménio Vieira6, autor de poemas como Poemas de Silêncio e Nada, Mitografias e No Inferno, que exploram a linguagem, a memória, a morte e a transcendência.

Orlanda Amarílis7, autora de contos como Cais-do-Sodré té Salamansa, Ilhéu de Contenda e A Casa dos Mastros, que abordam a condição feminina, a emigração, a violência e a marginalidade em Cabo Verde.

Manuel Veiga8, autor de romances como A Língua das Pedras, O Coração das Palavras e A Cruz de Pastor, que refletem sobre a identidade, a cultura e a língua de Cabo Verde.

Alexandre Deus Monteiro9, autor do livro, caminhando sobre as brasas, filho de um Deus maior, Vice-Presidente por Cabo Verde e acadêmico 07 da Academia de Letras e Artes Luso-Suíça em Genebra.


Podemos afirmar que a literatura de Cabo Verde é, sem dúvida, uma riqueza cultural e artística, que merece ser conhecida e apreciada por todos os que se interessam pela diversidade e pela beleza das expressões humanas.

Fontes e imagem:

  1. Premio Camões – Imagem: Wikipédia ↩︎
  2. Eugénio Tavares – Imagem: Wikipédia ↩︎
  3. Sérgio Frusoni – Imagem: Cabo Verde-Info ↩︎
  4. Claridade – Imagem: Claridade.org ↩︎
  5. Germano Almeida – Imagem: Wikipédia ↩︎
  6. Arménio Vieira – Imagem Mar de Letras ↩︎
  7. Orlanda Amarílis – Imagem: TCD ↩︎
  8. Manuel Veiga – Imagem: Santigo Magazine ↩︎
  9. Alexandre Deus Monteiro – Imagem: Acervo da ALALS ↩︎

Pesquisa: Flávio Pinheiro | Sob Supervisão: Leonardo Flores

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